quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A minha vida escrita na parede de um banheiro qualquer

"Ontem ouvi no rádio uma canção que me lembrava a primavera. Aquela mesma quando eu conheci você. Não sei se aquilo me agradava ou se me fazia infeliz. A minha cara não estava agradável perante ao espelho. Mas eu resolvi deixar de lado por ser oito horas da manhã. Os domingos não me alegram, principalmente a você. Eu, hoje, estou mais velho do que eu pensei que estivesse. Não é pelo sinal de rugas e marcas pelo corpo, mas sim pelo coração vazio, sem esperança, negro! A minha respiraçõ está tão barulhenta quanto ao ronco de um caminhão velho. Sinais do fim que me chega aos poucos. Mas eu não posso reclamar. Eu não quis assim, eu deixei sem querer que fosse assim. Não dependo de amores, nem de algo bom para me reerguer. Já pssou do tempo de tomar vergonha na cara e encontrar um novo emprego. mas eu sou feliz com o "nada" que eu tenho. Eu ainda tenho meu cachorro, sujo e sarnento, tenho o meu teto, imundo e bagunçado, mas dá pra dormir. Eu tenho meu carro, o único que lavo, o único com o qual eu ainda em importo. O que eu sempre fiz, foi lutar por mim e por mais ninguém, e hoje pago o preço por ser um miserável individualista. Mas mesmo assim, de uma forma ou outra, eu fui a luta. Na estrada da vida, eu apenas fui mais um nos olhos de quem só soube criticar. Mas ao menos eu fui uma alma especial, para quem aqui não mais está. Eu agradeço todo dia a Deus por ainda me manter de pé. Sem amigos, sem parentes, sem ter alguém com quem me preocupar. E quem disse que consigo, se nem comigo eu me preocupo? Talvez alguém um dia se preocupe, e pende bem, sobre a história de um incapaz de mudar seu próprio ser. Não fui atrás de algo que me fizesse bem, apenas busquei dinheiro pra me manter. Mas hoje, indo embora pra qualquer lugar que me fizesse pensar bem sobre a vida, parei neste lugar e aqui resolvi com um giz de cera escrever:

A minha vida na parede de um banheiro de estrada.
(Henrique P. Ficher ®)

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