quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A morte de John Wayne

A história mostra o relato de um policial cujo não é verídico, mas que mostra que mesmo parecendo durões, alguns policiais ainda tem consciência do que é certo e o quanto se comovem por certas mortes e brutalidades que ocorrem pelo mundo:


Londres, Inglaterra, 21 de Agosto de 1988.

"Eu era mais um novato no departamento de investigações. Eu era mais um lixo, mais um qualquer, escalado para colocar no papel mais um crime onde já sabíamos que não encontraríamos o assassino. Mas eu não esperava tudo aquilo. Não aquela cena, não aquele calafrio, não aquele aperto no coração.
John Wayne, Um senhor de 61 anos. Mestre de universidade, presente em sua casa quase todos os finais de semana, pai de duas filhas hoje amarguradas e abatidas por sua morte. Depressão total e extrema. Mas a pior parte camarada, é presenciar aquele corpo multilado, um cheiro insuportável, a quatro dias trancado naquele quarto. Tudo é muito difícil, principalmente pra mim. O coração sai pela boca. Eu já tinha visto coissas horíveis, mas não uma brutalidade. Para que tudo aquilo? Sem dó nem piedade. Será que a raça humana vai daí pra pior? Não somos nós que sabemos disso não é mesmo?
Eu tinha esperança de ter um novo futuro, mas não ali, presenciando a tal cena horrível, a tal trágica morte que abalou uma boa parte da população inglesa. Mas são em horas como essa que eu respiro fundo com o cheiro da carniça etupindo todo meu pulmão, que paro e penso: Pensar em futuro pra quê? Foi aí que senti que meu trbalho naquele departamento estava apenas começando, e por incrível que pareça, esta foi a morte mais horripilante que eu havia presenciado em toda a minha vida. Quando se ama, tudo é maravilhoso, quando se está feliz, tudo é perfeito, mas são cenas assim que me quebram por inteiro.
Eu sentia a dor em mim, o coração saltava pela boca, eu sentia vontade de vomitar, mas ao mesmo tempo eu tentava não o fazer. Afinal, o que os meus "frios" companheiros de trabalho iriam pensar de mim? E mais frios que eles, eram os médicos e mais frio que os médicos, o assassino. Porco, inútil e sem Fé. Ainda me pergunto o que um ser humano como esse ainda vive aqui ao nosso redor. Mas o incrível de tudo é saber que uma hora dessas, ele, no mínimo, está sentado em frente ao noticiário e rindo do que teria feito. Ou então está por aí atrás de algo mais vingativo ou algo mais cruel para se fazer.
A dor que sinto por John, com certeza levarei a vida toda. Sabe, não é fácil apagar marcas do passado. Ainda mais presenciando uma cena triste e cheia de ódio. Mas a gente aprende a não confiar nas pessoas ao nosso redor a partir de cenas assim. Eu tenho dó de pessoas assim mesmo não sabendo o que os levam a fazer isso, seja lá drogas ou qualquer outro tipo de loucura.
Eu su apenas um policial, que exerce a profissão que sempre quis quando criança, e que hoje vê que as coisas dentro de um uniforme preto e com um distintivo colado no peito, são bem diferentes. Eu entrei aqui já pensando na minha aposentadoria. E estou errado? O que Deus cria, o homem próprio destrói. E muitas vezes a Lei não está nem aí pra saber se você está certo ou não. Afinal hoje em dia o que importa é que de uma forma ou outra, o que vale são os diamantes que você tem guradados no seu bolso.
De uma forma ou outra, seguimos nossa vida, eu sigo meu trabalho mesmo sabendo das tristezas que ainda verei e que ainda sentirei. Mas eu sigo aqui, afinal este é o meu trabalho. Sujo, frio e muitas vezes mais criminoso do que eu mesmo imagino.
E de uma forma ou outra, o mundo não é mais igual antes. O mundo muda, as pessoas mudam, as coisas mudam, mas o que não muda é a minha opinião sobre a falsidade e a crueldade de cada um. Hoje em dia só espero que a confiança de todos sobre cada próximo mude, e que diminua. Afinal, assim segue a maldita e hipócrita sociedade".

Joshua O. Gordon, investigador de operações especiais da Interpol.

(Henrique P. Ficher ®)

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