terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Última Dança

Era Março, fim de Março para ser exato. A estação do ano já nem me importava mais, não tanto como a sua beleza, o seu charme e sedução. Era tudo diferente, nada me chamava atenção, nem mesmo os trajes da noiva e seu buquê todo enfeitado. Eu segurava suas costas firmemente e não abria mão em conduzi-la durante a valsa. E o seu sorriso tímido conduzia a minha sensação de paixão, amor e gratidão, não pela dança e sim pela oportunidade de fazer par com a garota mais linda e magnífica da festa.

Meus olhos, diferentes dos teus, imaginavam situações futuras, planos exagerados e mais que uma única emoção. Ela me perguntava se eu estava bem, pois eu não conseguia disfarçar meu olhar sobre ela. Lembrei dos tempos de jovem, onde eu pensava ser feliz, mas não sabia, que tudo sem você, no final, foi uma verdadeira catástrofe. Lembrei também quando você era jovem, o suficiente para citar seus belos versos em voz alta e tocar seu violão. Admito, que eu a assistia diariamente da janela do meu porão.

A sorte me conduziu a te o seu coração, me trazendo alegria e felicidade, afinal você é e sempre foi o meu mundo, tanto de glórias como de felicidade. Passei 35 anos ao seu lado, torcendo pela nossa felicidade conjunta e também de nosso filho, que com o tempo também se foi. Nada é tão fácil e belo como o seu deslize sobre o salto, girando conforme a música, Frank Sinatra era quem cantava aquela canção. Muitos não o admiravam por não saber a verdade e o valor de uma bela canção.

O meu tempo foi suficiente para lhe provar que o amor sempre foi e sempre será, a coisa mais valiosa que existe no decorrer de nossas vidas. Perguntamos várias vezes: Do que é feito o coração? Qual a razão de lutarmos por tudo que queremos? O que somos nós com Deus em nossas vidas? Quem une as pessoas e as conduzem à felicidade conjunta? O que é muito mais importante que dinheiro? O que te faz feliz? O que me faz e o que sempre nos fez feliz enquanto eu e você éramos apenas um? E a resposta sempre será a mesma: AMOR.

Foram anos e anos, ventos e ventos, repetitivas vezes que o Sol nasceu e desapareceu sobre o horizonte, foram caminhos trilhados, barreiras ultrapassadas, passo a passo, cuidado e mais cuidado, onda se chocando com onda, tudo isso foi uma das poucas coisas que presenciei ao seu lado enquanto você estava aqui comigo. Mas a verdade é que tudo isso ainda me faz sentido, pois tudo isso eu passei a dar mais valor e prestar mais atenção quando estive ao seu lado. Hoje sou sozinho, mas ainda sei dos verdadeiros valores da beleza da natureza. E isso jamais morrerá, pois enquanto os pássaros cantarem, o mundo girar, flores continuarem desabrochando e o mundo tendo esperanças, eu jamais me esquecerei de você. Afinal, o que é pra sempre, nunca faz parte do passado, muito pelo contrário, cresce e continua nos guiando e nos aconselhando até o fim de nossas vidas. E um de grande amor, jamais se esquece, e sim se percebe: O verdadeiro valor de um amor dentro do coração.

Aquela dança, aquele casamento, tudo teve um momento especial, foi a nossa última dança juntos. E assim como todo carnaval tem seu fim, aquele Outono se foi, deixando a lembrança de uma eterna esperança, de um dia poder encontrar-te de novo. E que fique guardado na memória, as mais belas frases de amor, os mais belos atos de caridade, e a sua significante companhia e suas lições que levarei pela vida toda. Lhe prometi não deixar cair lágrimas quando esteve comigo, mas agora que partiu, ela é o único desabafo de um coração solitário, que ainda caminha, com seu retrato na carteira, sua imagem na mente, e suas palavras no coração. Obrigado ainda é pouco para uma forma de agradecimento, mas você sempre soube que um simples “Eu Te Amo” que saía da minha boca, não poderia ser comparado ao que realmente existe em meu peito.

Aquela dança, foi a última de minha vida, a qual jamais concederei a ninguém. Não só por respeito a ti, mas sim por respeito ao meu próprio ser.

Um comentário:

Anônimo disse...

Emocionante!! ^^