O cupido e a morte

“Era uma montanha a qual o cume era tenebroso, onde nenhum humano podia ver e nem ao menos escalar, não fazia frio e nem calor lá em cima. De um lado, estava Eros, o anjo do amor, ou melhor, o cupido. Do outro lado, um olhar ingênuo e duvidoso o qual pertencia a Azrael, o anjo da morte. A convite de Azrael, Eros compareceu no lugar na hora exata, deixando para trás algumas tarefas as quais ele deveria cumprir, porém Deus havia permitido sua ausência por alguns instantes contando que Eros devesse falar toda a conversa a Ele.

Azrael era o típico personagem de poucos amigos, Eros era o estilo clássico de todos os anjos, carismático e bem atencioso. Azrael pediu então que a Lua e as estrelas se retirassem para que a conversa fosse bem sigilosa:

-Lua e estrelas, peço-lhes que se retirem, pois a conversa de hoje será em particular.

E então a Lua e as estrelas se retiraram.

Azrael, com olhares fixados aos de Eros, demonstrava querer algo, e então começou a falar:

-Pensou em minha proposta anjo do amor? Por que insulta meu olhar disfarçando o seu próprio olhar?

E então Eros, sempre objetivo em suas respostas respondeu:

-Para suas propostas ridículas eu não preciso nem pensar Azrael! Para que pensar em t ajudar sendo que eu ainda posso ajudar o mundo com amor. Isso é o que Deus me propôs, e é isso que farei. Me chamou aqui só para isso? Acho que já sabia sobre a minha resposta.

Com gargalhadas, o anjo da morte respondeu:

-Hahahahahaha! Você é engraçado. Sabe, o problema é que você se preocupa demais com este seu papel. Mas, mais uma vez eu lhe pergunto: Por que insulta o meu olhar? Seria medo, pequeno anjo?

Então Eros com um olhar fixo e calmo respondeu:

-Azrael, por que eu teria medo de ti, se eu tenho Deus ao meu lado? Não preciso ter medo e sim confiança em mim mesmo. Agora você, deveria pensar mais sobre o seu lado e tentar se distrair um pouco ao invés de tentar estragar sempre minhas missões de paz, colocando sempre uma sombra negra sobre aqueles que precisam sempre de uma ajuda especial por estarem doentes, depressivos, ou seja, aqueles que precisam de amor.

Azrael, com uma cara de poucos amigos e um tom de voz muito mais alto esbraveja:

-Você me tira do sério sabia?

E então, deixando a montanha, Eros completa:

-E você pior ainda, me tira do meu canto de paz ao lado do meu Senhor para insistir neste seu irritante assunto. Me desculpe Azrael, mas eu já não mais paciência contigo e também não sou mais um pequeno anjo, eu já cresci e sei o que é melhor para cada um na Terra.

Azrael descontente com a resposta do anjo, então pede que a Lua e as estrelas voltem, e então volta ao seu posto, desaparecendo em meio a escuridão do outro lado da montanha.

Tempo depois, quando Eros voltou ao Céu, Deus lhe chamou e perguntou:

-Eros. O que Azrael disse desta vez?

Então Eros respondeu:

-Meu Senhor, a mesma coisa de sempre, me fez novamente um convite para que me juntasse a ele.

Então Deus o perguntou novamente:

-E o que respondeu a ele Eros?

-Disse que para sempre estarei ao seu lado meu Senhor. Pois tudo o que ele tenta é me fazer desacreditar que um dia o ser humano lá embaixo possa, com suas próprias forças, mudar o mundo, mas eu acredito que isso aconteça um dia, pois tudo depende somente deles. E nem sempre eles dependem da minha flechada para aprender o que é amor, pois isso também muitas vezes nasce e cresce dentro do próprio coração de cada um.

E então Deus sorriu para o anjo e o pediu que continuasse sempre com seus profundos e reais sentimentos".

(Henrique P. Ficher ®)